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É preciso reativar o crédito às exportações

Robson Braga de Andrade (*)

Na contramão do que ocorre no resto do mundo, o crédito oficial às exportações, que já enfrentava dificuldades no Brasil, foi reduzido de modo acelerado nos últimos anos. Os dados demonstram a perda de dinamismo e de relevância dos principais instrumentos da política de financiamento às vendas externas no país.

O BNDES-EXIM, principal programa para o setor, diminuiu em 91% os desembolsos entre 2009 e 2019. Em 2019, o valor dos financiamentos de médio e longo prazo foi de US$ 300 milhões. Enquanto isso, países concorrentes, como a China, disponibilizaram US$ 33 bilhões, e outras nações líderes no comércio internacional tiveram uma média de US$ 7 bilhões.

Desde 2016, não há previsibilidade na execução do Proex Equalização, que assume parte dos juros de operações de financiamento para torná-los compatíveis com os cobrados no plano internacional. No ano passado, por exemplo, o programa tinha orçamento de R$ 1,6 bilhão, mas só foram aprovados R$ 600 milhões, o equivalente a 37,5% do total.

O Seguro de Crédito à Exportação (SCE) tem um processo de concessão burocrático e, desde 2019, risco de interrupção, pois o agente operacional do programa, a Agência Brasileira Gestora de Fundos Garantidores e Garantias (ABGF), foi incluído no Programa Nacional de Desestatização. Não foi definido, entretanto, como suas imprescindíveis funções serão executadas. O valor das operações aprovadas por meio do fundo garantidor do SCE caiu 83% entre 2010 e 2020.

No mundo, as políticas de crédito oficial à exportação de bens e serviços são centenárias e têm o objetivo último de gerar emprego e renda. Segundo a Organização Mundial do Comércio (OMC), entre 80% e 90% do comércio exterior conta com algum instrumento de apoio. A diretora-geral da OMC, Ngozi Okonjo-Iweala, já declarou que não existe outra maneira eficaz de integrar países em desenvolvimento aos fluxos comerciais multilaterais.

Em períodos de crise econômica, essas políticas são ainda mais importantes, pois atuam em lacunas de mercado, oferecendo crédito que não costuma estar disponível nos bancos privados devido ao pouco apetite por operações de risco. Em razão dos impactos da pandemia de covid-19, as principais Agências de Crédito à Exportação do mundo agiram rapidamente, ampliando ou criando programas para garantir a manutenção dos negócios dos exportadores e auxiliar na construção de relacionamento com novos mercados.

O Brasil precisa reagir. A retomada da política de crédito oficial à exportação é um dos fatores fundamentais para estimular o comércio exterior, a geração de divisas e o crescimento econômico.

Cada R$ 1 bilhão exportados pela indústria brasileira mobilizam 36 mil empregos. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostram que, de modo geral, empresas apoiadas por instrumentos públicos de crédito à exportação vendem 15% a mais no exterior, ampliam os países de destino em até 70% e aumentam o número de funcionários em até 10%.

Atualmente, o sistema brasileiro de financiamento às exportações ensaia uma reformulação, iniciada pelo governo em janeiro de 2020. Porém, essa mudança ainda não foi concluída – tampouco produziu, até o momento, efeitos concretos na reativação das operações. Como parte essencial das alterações necessárias se referem a normas que precisam ser objeto de lei, é o momento de o Congresso Nacional participar mais ativamente desse trabalho.

A falta de crédito já gerou perdas bilionárias em exportações e prejudicou enormemente a criação de empregos na indústria brasileira. Além da retomada do Seguro de Crédito à Exportação, é essencial ampliar as fontes de custeio para os programas de financiamento e equalização, de modo a assegurar, às empresas brasileiras, a possibilidade de competir em igualdade de condições no comércio global. Apoiar as nossas vendas externas é crucial para a recuperação da economia, a abertura de postos de trabalho e a geração de renda no país.

(*) Robson Braga de Andrade é empresário e presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O artigo foi publicado nesta terça-feira (21) no Estadão.

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AIG lança seguro de crédito para CRA

O seguro de crédito para o CRA tem como objetivo garantir a performance das cotas seniores

Por Juliana Schincariol

https://valor.globo.com/financas/noticia/2021/09/17/aig-lanca-seguro-de-credito-para-cra.ghtml

A AIG Seguros lançou no Brasil um seguro de crédito para certificados de recebíveis do agronegócio (CRAs), produto que ainda não estava disponível no mercado local. Até então, os interessados em seguros neste tipo de cobertura precisavam realizar a operação no exterior.

No ano passado, foram realizadas 65 operações de CRAs no Brasil, que totalizaram cerca de R$ 16 bilhões. “Metade delas contaram com seguros, que foram colocados fora do país. Isso acarreta um custo extra de pagamento de impostos. O incremento do custo da apólice chega a ser de 25% a 30% maior”, diz o gerente de seguro de crédito da AIG, André Graupen.

Com o novo seguro, a AIG passa a oferecer um produto personalizado para o mercado nacional, com apólice em português e condições e cláusulas adequadas à regulamentação local, contribuindo para ainda mais transparência no segmento de securitização e entre os investidores, completa. No momento, a seguradora está negociando algumas apólices, para possíveis emissões nas próximas semanas, segundo o executivo.

Há dois anos, a seguradora lançou uma solução voltada para os Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios (FIDCs). A AIG tem como estratégia não trabalhar com Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs). Segundo Graupen, a seguradora americana optou por atuar no mercado do agronegócio, que está entre os carros-chefe da economia brasileira.

Com a solução para o CRA também será possível melhorar o rating das emissões. “O rating do grupo AIG vai ser refletido na operação por uma agência de rating. Emprestamos nosso balanço para suportar a operação”, afirma o executivo.

O seguro de crédito para o CRA tem como objetivo garantir a performance das cotas seniores. Os segurados são os investidores e o agente fiduciário. As novas regras dos seguros de grandes riscos trouxeram flexibilidade para as apólices, o que possibilita que os contratos sejam sob medida, conforme o interesse dos investidores, especialmente nas ofertas restritas, via instrução 476 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM).

Antes mesmo das mudanças das regras do segmento, a AIG já estudava trazer esse tipo de produto para o Brasil. Para as operações para investidores de varejo, por meio das ofertas 400, as apólices serão mais padronizadas.

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Coface anuncia Marcele Lemos como CEO da América Latina

SÃO PAULO, 15 de setembro de 2021 /PRNewswire/ — A Coface anuncia que a brasileira Marcele Lemos foi nomeada CEO Regional América Latina e fará parte do Comitê Executivo do Grupo.
Marcele ingressou na Coface em 1999 como underwriter de risco. Foi nomeada Country Manager da Coface Brasil em 2011, tornando-se a primeira mulher CEO do mercado de seguros no país. Também ocupou o cargo de Diretora de Planejamento Estratégico da Coface América Latina e em maio de 2021 foi nomeada Chief Operation Officer da região da América do Norte.
“É um prazer estar de volta na Coface América Latina” disse Marcele. “Após esse curto período na América do Norte, retorno para nossa região com o desafio de conduzir a estratégia de crescimento em nossas principais linhas de negócio, reforçando o posicionamento da Coface no mercado latino-americano como uma empresa provedora de soluções financeiras, transformando-a na melhor opção de negócios para nossos clientes e parceiros, implementando uma cultura de foco no cliente que será refletida em nossos produtos e nossos processos”, afirmou.

FONTE Coface Brasil